Tô com raiva, e muito puto
não queria estar,
mas o capitalismo não deixa.
Todo dia, uma nova coisa
pra deixar a gente com ódio.
Não há momento de paz aqui.
Parece que tudo está desmoronado,
e só um grupo vai se salvar.
Eles sempre estão dispostos a nos sacrificar.
Fico com ódio
porque não consigo fazer força sozinho.
Estou me sentindo abandonado,
em luta com monstros muito ricos.
Onde eles têm a caneta,
a gente tem a vontade.
Eles têm ouro e prata,
a gente, o buraco e o luto.
Eles são donos de tudo:
da bola, do jogo e do estádio.
E a gente só ouve os barulhos do lado de fora.
Vivo muito agoniado,
sem esperança no futuro,
sem acreditar que vai melhorar pra gente.
Arrancaram a vontade de ter filho,
pois não sei se amanhã vou estar vivo.
Me sinto acorrentado,
sem por onde me movimentar e brigar.
Como se fosse uma corrida:
eles estão com uma Ferrari,
e a gente, com uma bike.
Estou desgostoso da vida.
O capitalismo está me arrasando a cada dia.
Rouba sonhos, vocações e vontade.
E no lugar nos dão
bíblia, enxada e humilhação.
A felicidade sempre vem em um dia do mês,
mas sempre acaba no sexto dia útil.
Eles venderam a ideia de meritocracia,
mas, se você não tem o sobrenome, não merece.
Fico aqui me sentindo inútil,
sem energia, chorando em posição fetal,
sem conseguir mexer um músculo,
rezando pro dia em que algum anjo vai me dar um tiro,
e sonhando que um dia venha algum salvador,
o verdadeiro Jesus não esse que o crente vende,
pra nos salvar e trazer paz ao coração.
E fico aqui, esperando que tudo se apague.
Que minha mente finalmente se cale,
porque viver assim é morrer aos poucos,
e eu já morri demais por dentro.
Porque enquanto eles vendem promessas,
a gente compra dívidas e dor.
E chamam isso de progresso,
mas eu chamo de covardia.
Autor: Mateus Roberto
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