quinta-feira, 3 de julho de 2025

Ferrari e Bicicleta

 Tô com raiva, e muito puto

não queria estar,

mas o capitalismo não deixa.

Todo dia, uma nova coisa

pra deixar a gente com ódio.


Não há momento de paz aqui.

Parece que tudo está desmoronado,

e só um grupo vai se salvar.

Eles sempre estão dispostos a nos sacrificar.


Fico com ódio

porque não consigo fazer força sozinho.

Estou me sentindo abandonado,

em luta com monstros muito ricos.


Onde eles têm a caneta,

a gente tem a vontade.

Eles têm ouro e prata,

a gente, o buraco e o luto.

Eles são donos de tudo:

da bola, do jogo e do estádio.

E a gente só ouve os barulhos do lado de fora.


Vivo muito agoniado,

sem esperança no futuro,

sem acreditar que vai melhorar pra gente.

Arrancaram a vontade de ter filho,

pois não sei se amanhã vou estar vivo.


Me sinto acorrentado,

sem por onde me movimentar e brigar.

Como se fosse uma corrida:

eles estão com uma Ferrari,

e a gente, com uma bike.


Estou desgostoso da vida.

O capitalismo está me arrasando a cada dia.

Rouba sonhos, vocações e vontade.

E no lugar nos dão

bíblia, enxada e humilhação.


A felicidade sempre vem em um dia do mês,

mas sempre acaba no sexto dia útil.

Eles venderam a ideia de meritocracia,

mas, se você não tem o sobrenome, não merece.


Fico aqui me sentindo inútil,

sem energia, chorando em posição fetal,

sem conseguir mexer um músculo,

rezando pro dia em que algum anjo vai me dar um tiro,

e sonhando que um dia venha algum salvador,

o verdadeiro Jesus não esse que o crente vende,

pra nos salvar e trazer paz ao coração.


E fico aqui, esperando que tudo se apague.

Que minha mente finalmente se cale,

porque viver assim é morrer aos poucos,

e eu já morri demais por dentro.


Porque enquanto eles vendem promessas,

a gente compra dívidas e dor.

E chamam isso de progresso,

mas eu chamo de covardia.


Autor: Mateus Roberto 

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